A SINISTRALIDADE NO DISTRITO DE LEIRIA


Considera-se como Acidente  o resultado de um processo em que se encadeiam diversos eventos, condições e condutas relativas aos três elementos que nele intervêm: a VIA, com as condições ambientais, o VEÍCULO e o HOMEM. A participação de cada um deles no resultado final pode ser mínima ou máxima, estando estatisticamente comprovado que a falha do terceiro elemento, o HOMEM é o que, com maior frequência intervém na causalidade de acidentes. Tenhamos também em conta, que dos três elementos o HOMEM é aquele que pensa, fala e é o único com capacidade para recriar e desfigurar os acontecimentos.

Este trabalho teve origem na recolha de dados, referente a 51 acidentes ocorridos no Distrito de Leiria no ano de 2007 e que dos mesmos resultaram vítimas mortais. O trabalho foi realizado com o intuito de se perceber Quando, Onde, Quem e Como é que se morre nas estradas do Distrito de Leiria, para que de alguma forma se possam tentar perceber porque?



ANÁLISE DE RESULTADOS

1. ESPAÇO TEMPORAL

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Relativamente ao dia em que o acidente ocorreu, como se verifica através do gráfico, temos um pico de incidência a partir do dia 26 até ao dia 27 e uma descida entre o dia e dia 15 até ao dia 23, este factor poderá estar relacionado com factores de economia familiar, no uso do automóvel
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O mês de Março atinge um pico de incidência, quase que duplicando a média dos restantes meses. Em contra partida os meses de verão são os meses onde ocorrem menos acidentes.
 
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Referente ao dia da semana, verifica-se através do gráfico, que existe um aumento significativo ao sábado e domingo, que poderá ter a ver com as saídas noturnas ao fim de semana, pois 25% dos acidentes ocorrem no horário das 00h00 às 08h00.
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Referente à hora que se registou o acidente, verifica-se uma distribuição ao longo dos horários definidos, com um pequeno pico no horário da 14h00/20h00.
 
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Verifica-se que a distribuição é quase igualitária em relação a estes dois campos, contudo, ressalva-se o facto de que durante o dia existe maior movimento de veículos.
 

Depois de analisada a informação referente ao espaço temporal da ocorrência da sinistralidade rodoviária, permite-nos concluir que a maioria dos acidentes ocorre sem diferenciação durante o dia e noite, com maior incidência entre as 14h00 e as 20h00, aos sábados, domingos e terças-feiras, dos dias 26 e 27 e nos meses de Março, Julho e Outubro.


2. VIA E FACTORES ATMOSFÉRICOS.

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A grande maioria dos acidentes ocorre em Estradas Nacionais, seguida Rua de interior de localidade, ficando as restantes vias, com valores muito próximos.

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Como se verifica, existe uma distribuição quase igualitária, em relação ao local do acidente, dentro ou fora de localidade.
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92% dos acidentes ocorre com tempo bom e só 8% é que ocorre com chuva.

Depois de analisada a informação referente à via, permite-nos concluir que a maioria dos acidentes ocorre em Estradas Nacionais, sem diferenciação dentro ou fora das localidades em que o estado climatérico é bom tempo.

3. VEÍCULO

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Relativamente ao veiculo que através dos métodos investigatórios foi considerado o responsável pelo acidente, permite-nos concluir que foram considerados 32 veículos ligeiros de passageiros no universo de 51 responsáveis pelo acidente, seguido de 9 ligeiros de mercadorias.
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Relativamente à idade do veículo causador do acidente, conclui-se que 21 veículo foram matriculados entre os anos 2000 e 2005 e 14 veículos foram matriculados entre os anos 1995 e 2000.
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Que a grade maioria das vítimas se encontravam no interior de veículos ligeiros de passageiros, 30 num universo de 51.
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Que 20 veículos onde seguia a vítima, foram matriculados entre os anos 2000 e 2005, seguido de 16 veículos matriculados entre os anos 1995 e 2000.
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Que 70% das vítimas são condutores.



Depois de analisada a informação referente à via, permite-nos concluir que a maioria dos acidentes ocorre em Estradas Nacionais, sem diferenciação dentro ou fora das localidades em que o estado climatérico é bom tempo.

4. ELEMENTO HUMANO:


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90% dos condutores que através dos métodos investigatórios foi considerado o responsável pelo acidente é de sexo masculino.

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A faixa etária dos condutores responsáveis pelos acidente, situa-se entre os 20 e os 25anos.
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Que 48% das vítimas eram solteiras e 45% eram casadas.
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A faixa etária das vítimas situa-se entre os 20 e os 25 anos, com 11 vítimas. Entre os 35 e os 40 anos, com 9 vítimas, seguido de 7 vítimas para a faixa etária dos 15 aos 20 anos .
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Que 76% das vítimas eram do sexo masculino e 24 do sexo feminino .
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Que 26 acidentes dos 51, ocorreu por motivo de lazer.


Depois de analisada a informação referente ao elemento humano, pode-se concluir que 90% dos acidentes foram causados por elemento humano de sexo masculino com faixa etária de entre os 20/25 anos, seguido das faixas etárias de 30/05 e 50/55 anos. Destes acidentes resultaram 76% de vítimas do sexo masculino, com 45% de vítimas do estado civil casado e 48% solteiras. As vítimas pertenciam ás faixas etárias dos: Em primeiro lugar à faixa dos 20/25 anos, seguido da faixa etária dos 35/40 e por ultimo a faixa dos 15/20, sendo o total de acidentes destas três faixas de 32 acidentes, no universo de 51 acidentes. Aproximadamente 50% do universo dos acidentes, ocorreu em viagem por motivo de lazer.

5. CAUSAS DO ACIDENTE

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Que em 94% dos acidentes no universo dos 51 analisados, o elemento humano foi considerado o responsável pelo acidente.
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As principais causas dos acidentes foram em 1.º lugar, com 10 acidentes foi velocidade excessiva, em segundo lugar, foi falha de percepção, em terceiro lugar distração.

Depois de analisada a informação referente à via, permite-nos concluir que a maioria dos acidentes ocorre por erro do elemento humano, 94%. A via ou factores atmosféricos foi a causa de 4% dos acidentes analisados, sendo os restantes 2%, por interferência do veículo.
Quanto às causas dos acidentes, a que mais se destaca é a Velocidade Excessiva com 10 acidentes, seguida de falha de percepção com 9 acidentes e por último a distracção com 7 acidentes. Estas três causas, totalizam mais de 50% do universo dos acidentes.




Conclusões:

O estado não deve permitir, como não permite, o direito “a ser dono da própria lesão”. Toda a morte, invalidez ou lesão, por ligeira que seja, origina um custo social que recai sobre o conjunto dos cidadãos.
Independentemente de outros argumentos nada, nem ninguém pode sentir-se dono do seu próprio destino se incidir na esfera patrimonial dos demais cidadãos. Daí a obrigatoriedade, por exemplo, da utilização do capacete e do cinto de segurança. A obrigatoriedade do correcto comportamento do condutor é exercido através das polícias competentes, que aliam a função de disciplina do trânsito com a investigação das causas dos acidentes, a instrução dos inquéritos judiciais e a compilação e fornecimento dos dados estatísticos.
Assim, poderemos distinguir os três principais vectores de actuação nas estradas;
• Primeiro, a prevenção correctora e exemplificativa;
• Segunda, a instrução do inquérito judicial sobre as causas dos acidentes,  investigando e determinando as responsabilidades civis e penais; e
• Por último, a recolha de elementos estatísticos, de enorme utilidade para o desenvolvimento de medidas de intervenção sobre os distintos factores intervenientes nos acidentes.
Nenhum dos três vectores de actuação deve ser isolado dos restantes. Corrigindo condutas anómalas evitam-se acidentes, investigando as causas atribui-se a justa responsabilidade ao culpado e com o conhecimento dos dados estatísticos e a sua comunicação aos organismos competentes, de um modo preciso e técnico, pode-se agilizar a eliminação de “pontos negros”, a educação/formação rodoviária e a adequação técnica e ergonómica dos veículos.
Neste último ponto é que me parece persistir a falha, pois já deveria existir uma plataforma de análise de informação estatística sobre acidentes rodoviários, onde se pudesse de uma forma sistemática perceber este fenómeno tão complexo que é a sinistralidade rodoviária. Já algumas coisas tentaram ser feitas, mas todas ainda sem sucesso, nomeadamente a criação de plataformas FICAV e o SIIOP. Onde a primeira, não teve o interesse necessário por parte dos centros decisores, a segunda que depois de a Brigada de Trânsito ser extinta, acabou por não ficar na prioridade das decisões.
Depois de analisados os dados, podemos traçar o perfil do acidente, do condutor e da vitima que nas estradas de Leiria. Assim sendo no Distrito de Leiria morre-se mais aos dias 26 e 27 do mês de Março, às Terças-feiras, Sábados e Domingos, no horário das 14h00 ás 20h00, em Estradas Nacionais e com bom tempo. As vítimas são condutores solteiros do sexo masculino e responsáveis pela produção do acidente, com faixa etária de entre os 20 e os 25 anos de idade, em que as causas do acidente são em primeiro lugar velocidade excessiva, seguido de falha de percepção, que conduzem veículos ligeiros de passageiros, com idade até aos 10 anos, em que o motivo da viagem é lazer.


Norberto Costa


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