A atenção é um dos factores psicológicos mais importantes para o exercício seguro da condução e muitas vezes é a causa principal de um sem número de acidentes.
A atenção, no âmbito rodoviário encontra-se dividida em duas áreas distintas mas interligadas entre si.
A Primeira é a atenção concreta e que está relacionada com os detalhes próximos do condutor.
A segunda é a atenção difusa e que está relacionada com a avaliação que o condutor faz de todo o ambiente rodoviário, nomeadamente a intensidade de trânsito, o estado geral da via e seu traçado, o estado climatérico a sinalização, entre outros.
Por isso é muito importante que o condutor direccione a atenção para o que realmente é importante para a condução, nomeadamente o trânsito e a sinalização, pois só assim pode fazer uma correcta avaliação de todo o ambiente e tomar as decisões mais acertadas. No entanto, existem inúmeros factores de distracção quer no interior, quer no exterior do veículo que podem polarizar a atenção do condutor para campos que nada têm a ver com a condução, tais como o telemóvel a tocar, o bebé a chorar na cadeirinha, o cair de uma ponta de cigarro, um painel publicitário enfim, um sem número de estímulos que invadem o cérebro do condutor. Porém, cabe-lhe a este focalizar a atenção para o exercício da condução, pois como já foi anteriormente dito, o ser humano só pode processar entre 6 a 11 estímulos de fontes diferentes.
No caso dos condutores com pouca experiencia de condução, mais exigente se torna essa focalização pois, um condutor experiente por exemplo, não necessita olhar para a caixa de velocidades para engrenar uma velocidade, consegue avalia melhor o ambiente rodoviário, ao contrário deste condutor, que por falta de prática necessita de ocupar mais estímulos com tarefas que normalmente são considerados micro procedimentos (procedimentos automáticos).
Um outro aspecto que importa perceber, prende-se com a actividade, a amplitude, a selectividade, a organização e direcção da atenção:
No que respeita à actividade da atenção, esta requer um elevado fluxo de energia, pelo que o condutor tem estar em boas condições físicas para manter a atenção. Um condutor influenciado pelo álcool, psicotrópicos, fármacos, sono ou cansaço, sofre uma drástica diminuição da atenção, aumentando os níveis de risco para valores incomportáveis para a segurança rodoviária.
No que respeita à amplitude, o cérebro humano é limitado no que respeita à actividade sensorial, só conseguido processar entre 6 a 11 estímulos de fontes diferentes logo, o condutor deve canalizar toda essa informação para a actividade da condução, deixando de parte os estímulos que nada têm a ver com esta actividade.
No que respeita à selectividade como também já foi dito, o condutor tem uma actividade sensorial limitada, no que respeita à percepção de estímulos. Por isso este, deve canalizar toda a atenção para exercício da condução, deixando de parte os restantes estímulos. No entanto, a atenção do condutor pode ser afectada por factores exógenos e endógenos, que podem focalizar a atenção do condutor. No que respeita exógenos e involuntários, os factores que mais atenção captam, prendem-se com a intensidade do estímulo (a atenção é mais facilmente atraída para estímulos com forte intensidade), o contraste (quanto maior for o contrate, mas atenção capta), o movimento (pessoas e objectos em movimento, captam maior atenção do condutor), a imprevisibilidade (quanto mais imprevisível for a ocorrência, maior atenção capta).
No que respeita aos factores endógenos, estes estão relacionados com a actividade cerebral do condutor, nomeadamente no que respeita à motivação do condutor, á experiencia anterior e ao contexto. È exemplo deste desvio de atenção, um condutor que tem um problema para resolver e enquanto conduz vai a pensar na forma de resolução do mesmo. Nestes casos a atenção é dirigida de forma voluntária para áreas que nada têm a ver com a condução, elevando o risco de acidente.
Quanto à organização e direcção, depois de seleccionados os estímulos importantes para a condução, o condutor de organiza-los e canaliza-los para o objectivo a que se propõe. Neste campo é também importante a inteligência concreta de conduzir, que não é mais do que o conjunto de todas as experiencias vividas ao longo da vida condutor, aplicadas de forma inteligente ao exercício da condução. Por exemplo, se um condutor na sua vida a determinado momento efectuou uma travagem de recurso num veículo sem ABS em piso molhado e verificou que o veículo foi a escorregar pela via, dando até a sensação que a determinado momento, em vez de parar ainda acelerou. Um condutor inteligente (inteligência concreta de conduzir, que não tem nada a ver com o QI do condutor, mas sim na capacidade de análise e auto reflexão das situações concretas), depois de processar a informação do caso em concreto, numa próxima situação idêntica, irá ter em conta a vivencia da situação anterior e aplicar um procedimento diferente, tal como reduzir a velocidade com o piso molhado, aumentar a distancia de segurança ou mesmo travando não bloqueando as rodas, mas sim travando ligeiramente. Desta forma o condutor agiu de forma inteligente na situação concreta de conduzir.